Sunday, June 27, 2010

saudade

Abri a porta tão devagar, o silêncio havia-se instalado, estava tudo ao rubro:
as vozes suaves, os agudos cansados, os graves perplexos ao vago horizonte que unanimente o rodeava, e as minhas mãos, que batiam palmas ao vento sereno e inequivocamente pacifico.
Apertei as sandálias, mergulhei (pela primeira vez com vontade) no sonho que já me embalava, desde que me lembro de ter olhos castanhos e cabelos ondulados, e embarquei assim num dilema unanime em palavras, desigual em sentimentos e caracteristico em emoções.
Ver partir alguém quando ainda há tão pouco tinha chegado, deixar de sentir um abraço no peito quando ainda nem eu beijo no rosto se havia aquecido, deixava-me louca, aborrecida, e profundamente magoada.
Esperança é um acto de ilusão, uma palavra sem razão, é como viver por nada, numa mentira e um falso destino.
Saudade é a prova de que se ama, é a prova de que alguém nos faz falta (assim como tu me fazes a mim).
Fico desfeita no único pedaço de carinho que ainda guardo e que me sustém em breves sons, e as enormes recordações que ficaram, abraçam-me e voltam a beijar-me, assim como um dia esperei que o voltasses a fazer.
Sinto-me livre, sinto-me seguida pelo descontrolo, e guardo agora, num sublime momento de amor por ti, as tuas palavras, o teu beijo, o teu conforto e carinho.
Não seria nada sem o passado que hoje, me alimenta o presente.

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