Tuesday, April 6, 2010

Um fio de voz

- Quero saber quem és!
- Sabes que não é importante, sabes que nunca saberás. - Sussurrava ele.
- A tua voz tão doce está a impedir-me de ir embora. Cala-te!
- Não me quero calar. Quero que fiques e nunca vás.
- E se eu quiser ir? - Perguntou ela, num tom desafiador.
- Mas tu não queres, por isso, prometo-te que vamos ficar os dois aqui, para sempre.
Ela olhou-o seriamente, ele olhava-a com um sorriso travesso nos lábios. Ela queria ir, mas sabia que o amava, e por isso, ia ficando. Ele não queria que ela fosse, e por isso, sussurrava-lhe ao ouvido poemas, letras e palavras que ela gostava de ouvir.
No fundo, o que ambos queriam era pertencer um ao outro, poderem amar-se sem que nenhuma barreira se apressasse a impedir um último beijo.
O mar cercava-os, o vento soprava as frases que os seus lábios desenhavam tão perfeitamente, e a areia era como uma nuvem; fazia-os sentir colados ao céu, suspensos em lado nenhum.
Pelo meio, toques e carinhos eram devolvidos em harmonia, como que numa união inquebrável. Sempre souberam que o amor não era fraco, não era fútil nem barato. Sabiam que aquele amor era verdadeiro, dificil e inigualável.
Mas o que fazia 'dele' algo tão especial?
(risos).
Era o simples facto de que em cada beijo, havia uma lágrima, com medo de que tivesse sido o último, como medo de que tivesse sido o último beijo de despedida. Era além disso, o receio de cada palavra, de cada gesto, o receio de que algum dia, tudo terminasse sem razão.
- Não quero esconder mais aquilo que vivemos... - suspirou.
O refúgio dos seus lábios, os segredos dos seus segredos. Era assim que caracterizavam cada página que escreviam acerca de um romance sem igual; era assim que viviam cada minuto:
Num impasse, receosos, num suspiro, assustados.
Como seriam os seus mundos se nunca se tivessem conhecido?
Se ele nunca a tivesse encontrado numa esquina qualquer por um mero acaso, e lhe tivesse lançado um sorriso que ainda hoje ela não esqueceu?
É complicado falar, é complicado responder, especialmente quando cada questão parece mais bizarra que a outra.
A quantidade de sentimentos que se iam acumulando no seu coração, o tamanho de cada emoção e a forma como cada uma era vivida, relembrava-a de tudo, relembrava-a de nada.
É sempre assim quando nos sentimos hipnotizados pela noite, pela eloquência de cada palavra soletrada no horizonte, solta sem um abrigo, leve e frágil.
Os seus olhos cruzaram-se novamente quando já ambos estavam deitados sobre a areia branca, sobre um fio de voz, inundados por um inexplicável sentimento.
As vozes cruzaram-se:
- Eu amo-te. - Sussurraram um ao outro, e por fim, fecharam os olhos.
Ele acabou por cumprir a sua promessa.
Ficaram os dois ali, para sempre.
Não foi o fim, foi um intervalo num sentimento nunca antes apagado, e que ainda hoje, continua vivo dentro de cada um de nós:
O Amor.
gS

3 comments:

  1. não amor, segue este se quiseres

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  2. Tu também és muito simpática e embora só te conheça por breves frases e pelos teus textos já que nunca tivemos uma verdadeira conversa imagino que sejas uma excelente pessoa, com muita vida e muita alegria mas tambem sei que deves passar por coisas muito dificeis.
    Resumindo deves ser uma pessoa fantastica.

    Beijo *.*

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  3. Sim é claro que posso.

    alicebaltazzar@hotmail.com

    Beijo

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